Um dia li Manoel de Barros: “Andando devagar eu atraso o final da Vida.” Que maravilhoso ler isso! O triste é que a Vida também o lê. E, sabendo disso, a brincalhona faz suas meninices: corre para alcançar alguns, mete a rasteira em outros, se esconde, atrasa o que não deveria atrasar, apressa o que não deveria existir. Essa menina é linda demais, e incontrolável — igual ao cavalo Spirit. Mandona e manhosa, tudo do jeito dela. Sabendo pegá-la, verá o quanto é leve. Há os que dizem que ela é pesada. Não afirmo, mas tenho minhas dúvidas. A vi em várias formas, igual a um desfile de carnaval: alegorias e fantasias diferentes passando na avenida, com o Tempo marcando. Seu pai é bravo, meticuloso e de poucas palavras. Enquanto a Vida brinca, ele acelera. Manoel de Barros tenta… mas, no final, é o pai quem organiza o fim. Wellingtton Jorge