Diário

Quantas vidas tenho para escrever?
Aqui fora sou limitado a ter apenas uma
Mas com meus textos, sou infinito
Conto o que sou
Outrora conto o que penso
Falo dos amores regados de lágrimas
Dos sorrisos tímidos
Descrevo os olhares apaixonados
As partidas inesperadas
As partidas que foram tarde
Grito sem ninguém ouvir
Cada linha esconde meus medos
Faço o tempo ficar registrado
Brinco de criador
Até parece que não sou o escritor
Sinto que sou apenas o leitor de mim mesmo
Vejo-me diferente do que gostaria
Nessa vida que escrevo tudo é leve, 
até às tristezas que aparecem
Mas quando coloco o ponto final
Morro ali, esperando outro me venha ler
Retornar a vida por meio das palavras
Alguns levam pedaços de mim
Tomam posse do que sou
Nos tornamos um
Um que lê, outro que se fez ler
Com o passar dos anos
Em muitos me criei
Só não deixei de ser o que sou
Diário, vida, poesia, poeta e criador...

Wellingtton Jorge


Nota do autor:

Poema inspirado após passar um bom tempo numa madrugada sem sono visitando um perfil de Instagram mágico, encantador e belo.

Perfil este que me fez viajar e relembrar outras leituras que tive ao longo da vida, bem como me instigou a parar naquela noite e pensar sobre o significado de um diário, sobre o poder das palavras e como de alguma forma "burlamos" o tempo quando deixamos textos com memórias enraizadas em folhas que outrora eram brancas e agora são histórias.

Obrigado Jamile por compartilhar com o mundo sua arte!
Recomendo: @diarioantigo


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu e Cora Coralina

Pétalas

Resposta para Música Mais Triste do Ano