Mozart e Miles Davis, Rubem e Wellingtton
Começo a acreditar que, ao se inspirar em uma determinada pessoa, você passa a vivenciar algo semelhante ao que ela vive. Talvez a espelhar seus atos, pensamentos e até mesmo suas paixões. Quando leio Rubem Alves, tenho a sensação de reflexo, sinto-me como se estivesse diante de um espelho. Não sou presunçoso a ponto de me comparar a ele, não sou tão iludido a ponto de comparar Ronaldinho Gaúcho com Endrick ou Rubem Alves comigo. Mas é importante (para mim) observar o quanto temos em comum.
Quando me deparei com sua crônica "Mozart" nas páginas do maravilhoso livro Ostra feliz não faz pérola, ri muito e lembrei de um episódio similar. Em uma ida rotineira ao Starbucks de Itaquera, pedi meu café expresso de brigadeiro, enquanto ao fundo tocava um repertório magnífico de Miles Davis. Ao pagar o café, perguntei à atendente quem havia escolhido o repertório. Empolgado para citar a música So What e me aprofundar ainda mais no assunto, recebi um balde de água fria. A resposta inesperada foi: "São chatas, né? É o nosso gerente que escolhe".
Por alguns segundos, pensei em como alguém poderia falar assim de Miles Davis. Peguei meu café e fiquei imaginando como seria tedioso para ela trabalhar ao som de jazz e como aquele lugar era um dos meus refúgios, lugar de aconchego e paz.
Lembrar desse dia, que por hora já havia esquecido, foi bom. Não pelo fato de Miles Davis ser considerado "chato", mas por me reconhecer em Rubem Alves e mais uma vez nele coisas que vivo.
Wellingtton Jorge
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