Postagens

Mostrando postagens de junho, 2022

Carro veloz (fast car)

Queremos a velocidade ao invés de uma brisa leve sobre o rosto. Com as janelas abertas avançamos os quilômetros num frenesi, numa loucura e ansiedade para chegar. Queremos o final, mostrar o que somos, levantar um troféu de melhor, o troféu do campeão. Quantas vezes me pego a correr, a dizer a mim mesmo "vamos logo, você precisa avançar, outros já chegaram...", quantas vezes não permito o choro brincar de escorregador em meu rosto, pois não há tempo para sentimentos.   Perdemos a capacidade de olhar para a estrada e aproveitar o canteiro, fazer um piquenique no acostamento, sabe porque? precisamos chegar, precisamos mostrar que já estamos por lá.  Gostaria de entender quem inventou a chegada, gostaria de voltar nesse dia e desfazer essa tal "chegada". Passei algum tempo da minha vida nessa procura por chegar, passei algum tempo na minha vida desejando passar rapidamente pela estrada, até descobrir que nada importa, nada pode sucumbir o trajeto.  Queremos avançar o t...

Poeta é Deus

Todos poetas no fundo queriam ser Deus Ter o poder nas palavras com elas criar, trazer a existência e ver que foi bom Conter em si o poder do atemporal Brincar de jardineiro e criar seus seres viventes Em palavras poder separar os mares e sustentar um mundo inteiro em suas mãos Todos os poetas sabem que escrever é ser arriscar Ter na palma da mão a criação Escrever a história, compor o ritmo da narrativa Ser glorificado no que criou Ser glorificado com o que criou Ser glorificado por ser um criador Wellingtton Jorge

Rubens Alves, minhas crônicas por suas crônicas

Anos atrás por acaso ou predestinação (nesse contexto, lembro-me de Santo Agostinho), conheci o Rubens Alves, não literalmente em carne e osso, mas o conheci.  Conheci sua vida, seus filhos, amigos e seu pensar. E quando isso aconteceu, conheci um pouco mais de mim.  Essa predestinação do conhecer-te, só foi possível, quando minha irmã encontrou um livro de crônicas no banco do metrô de São Paulo. Trazendo-o a mim, me  presenteou, assumo que de início não falei com Alves (hoje ele é um amigo e de alguma forma me ajudou até aqui, por isso tomo a liberdade de chama-lo de Alves). Estava naquele período conversando muito com Nietzsche, Drummond e Guimarães, além de ouvir os sábios ensinamentos de Chiavenato para as organizações.  Belo dia, ouvi sua voz a me chamar, sentei em minha sala para encontrar essa voz entre os livros. Espalhei todos no chão e fui procurar aquele que desejava falar comigo. Quando ali vi a bendita coleção de crônicas do Alves. Ainda no chã...

Duas vinte e quatro horas

Desde ontem tenho procurado  Escrever sobre meu dia de ontem Se passaram duas vinte e quatro horas Quando começo o próprio tempo apaga. Escrevi um soneto Falei do metrô de Itaquera Das lindas mãos da mulher loira De suas unhas vermelhas Seu olhar penetrante Me arrisquei a colocar um ponto final no quarto parágrafo O aplicativo não salvou  Poeta digital sofre assim, a falta de internet é o mesmo que não ter papel e caneta. Depois de mais uma vinte e quatro horas Escrevo tudo isso, em poucas palavras Como registro de uma irritabilidade com o destino por me levar cada escrito. Wellingtton Jorge