Ônibus

Cheguei, passou.
Dei sinal, nem vou.
Tentei correr, mas era tarde.

Espero, como sempre esperei.

Quando era menino, me ensinaram
que é preciso esperar o tempo das coisas.
Até na Bíblia tem isso.

Então, espero...
Tenho esperado demais.

Agora vou.
Não era assim que eu queria —
mas tem como ir neste que chegou.

Cheguei, passou.
Nem consegui chamar.
Quando vi, já estava virando a esquina.

Vou esperar novamente,
como sempre faço —
nem sei se faço porque quero, preciso,
ou aprendi.

E o que se aprende quando é menino
se torna lei depois do tempo.

Até penso que estou atrasado:
quando chego, quase tudo já passou.
Quando vou, já não importa mais.
E quando tenho, não funciona mais!

Tento recuperar o perdido,
mas de longe vejo outros embarcando tranquilamente.

Talvez seja assim:
para mim, já passou.
Para eles, tudo chegou.

Wellingtton Jorge

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