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Acadei de escrever...

Vício sadomasoquista de um poeta vingativo

Admiro os que bebem para esquecer Eu escrevo para esquecer Ai depois eu lembro que escrevi E de longe fica o desejo de esquecer o que quero Assim vou me contentando  com meu vício sadomasoquista Olha! É tão prazeroso essa dor Essa melancolia de ser escritor Não há beleza ou encantamento no poeta O que há em nós, os poetas, é uma vingança Queremos dar a todos as dores que carregamos nos versos Mas ninguém entende E adoram as palavras como um altar sagrado Embora seja uma desgraça poética profana Wellingtton Jorge

Hora do almoço, Belchior moço e eu também

Hora do almoço, Belchior moço e eu também Pai Mãe Irmã mais velha Prato na mesa Olhares arredados Grão de arroz dançando no prato Hora do almoço Hora do desencontro Hora do alimento Hora do descontentamento No fundo do prato Comida temperada com lágrimas salgadas Todos se olham Compartilham o sorriso de purê de batata [um brinde Belchior] Medo, medo, medo É hora do almoço Também sou bem moço pra tanta tristeza Sei que logo chega a morte, sem respeitar a vida E nos leva moço, sem ter feito a vida. Wellingtton Jorge

Pós guerra

Embaixadora da paz, levantou a bandeira branca em mim Nos escombros da guerra aquela semente germinou Como espelho quebrado no chão refletindo aos céus a luz do sol é meu coração ao ver seu sorriso chegando Fincou em meus sentimentos a placa com seu nome Um memorial um altar um marco do antes e depois A eterna lembrança que depois da guerra, a paz chega. Wellingtton Jorge

Eu e Cora Coralina

Li Cora Coralina a conheci, vi sua infância foi uma menina estranha e rejeitada Caia muito. Joelhos sempre a sangrar Quando poeta escreve, nos versos ele próprio pode se encontrar Quando outro poeta ler, ali eles podem se amar Não é no erótico, mas no reflexo dos seres O espelho atemporal dos versos. Posso eu contar a história dela, e fazer da minha o enredo? Posso dizer muito sobre Cora, e você aprender mais sobre mim Somos simples, eu e Coralina Família de sotaques, escassez no banquete da mesa. Mas a imaginação sempre um alimento diário Nunca faltou, mas não é de sobrar. Cresceu e viveu na simplicidade. Isso é o sucesso, não é o ter, mas o ser Seu nome já ficou, o meu há de ficar Seremos um do mesmo Já temos algumas coisas em comum A pátria e o lápis, no meu caso o smartphone Gerações mudam e se reeventam, mas os sentimentos ficam a girar no mundo Os sentimentos giram e encontram corações Os corações se abrem e encontram

Meus 30 e poucos anos

Não esperar nada de quem poderíamos esperar tudo Não abrir os ouvidos para o silêncio vindo do outro Quando se esperava simples afeições Tomar cuidado com o desejo Ele dá vida a pensamento que nunca serão realidades Wellingtton Jorge 

Suas doces palavras

Digo que te amo Repito que te amo Presenteio porque amo Sirvo por amor Abraço-a, e sei que é amor E também sei que escutas todas formas e dialetos do amor Alto escutas [Te amo] Talvez  Acho que talvez  É talvez  Eu também queira  Lá de longe ouvir somente um susurro... ... ... ... [Eu te amo] Wellingtton Jorge

Foi difícil, mas compreendi

Certo dia compreendi Foi como um curto circuito Explosão e barulho Pequeno momento assustador Abriu-se o entender Faisca de luz do saber Que sou como deveria ser Foi preciso ter dores Amores Erros Tentativas e poucos acertos Pra formar o que fui Que nesse verbo do ser Não consigo conjulgar Sem me atrasar Sempre será um recorte do ser escreve E tudo que foi, foi porque deveria ir Tudo que ficou, tem que ficar Como Saulo que em Paulo se tornou Na abundância ou escassez Com ou sem lágrimas Muitos ou poucos ao meu redor Certo dia compreendi Que tudo me foi dado nessa vida Eu vivi Wellingtton Jorge 

Como nasce um poema

Os poemas nascem aleatoriamente Um perfume que penetra em suas narinas Talvez um gesto que te lembra alguém especial Os poemas não podem ser ensinados Eles possuem a essência da vida Não podem ser explicados Pra definir, precisa sentir Viver E vivendo, no instante que se pensa em poemas  Nada se pode fazer a não ser fechar os olhos e agradecer Deus pai "obrigado por compartilhar a vida" Poesia uma forma de ser Deus Viver e poetisar Vivo agora com um Casillero del Diablo Bethânia, oh cheiro de amor Lua e brisa, janela metropolitana leste E assim se vive poema, vida se escreve Não precisa de ritmo, não precisa de combinações A matéria prima é o instante O tal presente Que nos presenteia com o que somos E sendo, vamos escrevendo  E dizendo Que vivendo Tudo isso se faz bem devagarinho Não me pergunte o que é viver Não me pergunte o que é poetisar Não sei o como, Nem o que és Nem sei pra quem és Só faço, só vivo, respiro e deixo em mim  Morrer aos poucos de forma consciente Perfei

Ansiedade

Tenho vivido no futuro Estou por lá quase a todo instante Não por vontade própria Mas é por lá que me encontro. Procuro estar no presente Sentir o agora Em vão é a tentativa Quanto mais presente quero, mais futuro recebo. Sou um tanto quanto lá Frenéticame lá Completamente lá Lá é o lugar que me tenho  Mas não é meu lar. Ser presente é tão difícil nos dias presentes Até parece fácil quando se fala Maravilhoso quando se pensa no agora Pois é! Tudo que é agora, se foi, fugiu... Não se tem notícias do homem Que no futuro se tem preso. O homem que vive lá Preso Quer sempre voltar Só pra viver o agora. Wellingtton Jorge 

Frágil

Tenho em mim uma parte frágil Talvez mais do que uma Como um todo Frágil, papel na água Frágil, copo de vidro caindo no chão Uma parte só, somente uma Quero enfatizar que essa pequena grande parte Não influencia em nada! O que quero dizer, Ou melhor [não quero] Penso em dizer É que sou leste e Oeste Norte e sul Fragilmente   Eu. Wellingtton Jorge

Poderia ser verdade

Bom é saber Sentir Entender O quanto em ti sou amor O quanto de mim se importou em ti Fez morada, casa simples Talvez de caboclo do mato Quente de afeto Nada sofisticado, inovador Uma coisa é fato Um lar eu sou Wellingtton Jorge

Não é um poema de fé, muito menos de sexo

Das loucuras que fazem ser o que sou, a fé é a principal. Quantas vezes sem entender fui em caminhos buscando um destino, a razão de ser, a essência para viver [sem sucesso]. A vida poderia ser graciosa e, num lapso se revelar por completo, desnudar, mostrar suas estrias, curvas e marcas. Não sei quem é mais vaidoso. Eu que procuro o poder de dominar sua nudez, ou ela que mostra as pernas lascivamente instigando meu intelecto ao ponto de fazer-me ereto em fé, estimulando o pequeno gozo de esperança. Wellingtton Jorge

Pratos exóticos

Alguns jantares são únicos Momentos são únicos O imperador Marco Aurélio Estoicamente falava sobre o único. Podemos colocar várias coisas sobre a mesa Mas nem tudo nos convém e  Outras sempre vêm e quando vem Ah quando vem ... Sabores, aromas e texturas Pratos exóticos, prazerosos Que devemos degustar sem pressa. Mas quando o assunto é você Sobre a mesa, no exato momento Ah... Me lambuzo de prazer. Wellingtton Jorge

Saudade da Eternidade

Como explicar a saudade da eternidade Sendo que só conheço os poucos anos de vida que tenho? Como desejar o encontro com um Deus Se não tenho a veracidade das palavras para chama-lo de Deus? Não posso afirma sua existência, nem se É o que ÉS Embora eu duvide de tantas coisas divinas, Por alguma razão não racional sinto e desejo-o ainda mais. Wellingtton Jorge

Doces palavras

Ser um bebê tem tantas vantagens, a primeira se dá com a perfeição do ser Neles há o poder da inocência, a capacidade de ser Conectar-se direto com a essência do mundo e do criador Sem a parede do fruto da verdade e do conhecimento. Um bebê é a materialização do amor Onde um sorriso banguelo é capaz de dizer lindas frases de afeto. Seus olhares possuem feitiços, seus dedinhos contém a cura Já perdeu o tempo brincando com uma criança? Elas transitam entre o kairós e o cronos, são criaturas místicas. Dizemos que a vida boa é a vida sem as obrigações de adulto Porém não percebemos que para ser criança requer obrigações de criança Um bebê em seu processo de alfabetização nos ensina a criar palavras, que quando adulto não nos arriscamos mais a cria-las. Eles não possuem o medo de criar o que não existe, não se preocupam com a estética ou regras. Criam novas palavras de forma tão natural Que para nós adultos torna-se quase impossível ter imaginado algo tão original. O que me intriga com eles

Um final de semana em Angra dos Reis

Parece clichê, mas preciso começar a narrativa dos fatos de forma tão comum e corriqueira como tantos outros textos que você em algum momento já leu e, para justicar o que disse acima lhe digo, se permita viver em cada momento o que pode se viver.  Para muitos filosófos o estudo do Estoicismo foi a base para justficar a consciência do presente momento. Nos dias atuais, com a modernidade pós-moderna "nasceu" o termo mindfulness ou em português simples "atenção plena". Ou seja, esteja em atenção plena em sua vida. Após um planejamento rápido descidi viajar para Angra dos Reis (Rio de Janeiro). E quem me conhece sabe que tenho uma queda maior por campos, pássaros e o canto do vento quando balançam as folhas das árvores. Mesmo assim me permiti colocar os pés em águas e deixar os peixes brincarem comigo, fazendo de  minhas pernas corais. Passei mais tempo na água em dois dias do que nos últimos anos. Tudo isso me fazia refletir sobre a atenção plena. Passamos tanto tempo

Id, seu veneno

Jogo-me nos deleites Das entranhas humana Faço você um pedaço carne podre Mente contaminada Pecado assumido desejos levianos Maquiavélicos Sou veneno Infecto seu pensar Entro em ti a forças Sem consentimento Te abro por inteiro Te faço meu escravo no prazer Sangro você Traumatizo Visto o ser primitivo Revelo sua identidade Sou um ser libidinoso Controlo o Ego Destruo o Super E mostro-me por completo Com muito prazer Id, seu veneno Wellingtton Jorge

Humano demasiado Humano

A vida é uma eterna professora e quem está disposto a aprender nunca irá se arrepender. Recentemente fiquei um período em silencio, para ouvir a voz da vida. Ouvi coisas que doeram, coisas tristes e verdades que mostraram minha fragilidade e humanidade. Como todo processo e fase, isso chegou num momento que eu também precisei falar com a vida, e quando se fala com a vida o tempo sempre está presente. Foi aí que lembrei de um poema da Viviane Mosé, magnifica filosofa brasileira (nietzschiana).   Vida/Tempo “Quem tem olhos pra ver o tempo Soprando sulcos na pele Soprando sulcos na pele Soprando sulcos? O tempo andou riscando meu rosto Com uma navalha fina Sem raiva nem rancor. O tempo riscou meu rosto com calma Eu parei de lutar contra o tempo ando exercendo instantes acho que ganhei presença. Acho que a vida anda passando a mão em mim. A vida anda passando a mão em mim. Acho que a vida anda passando. A vida anda passando. Acho que a vida anda.

Doce perfume

Deixaste seu perfume em minhas mãos Fizeste de propósito? E a propósito, amei o que fizeste! Passarei o resto do meu tempo lembrando do seu cheiro e beijo, aquele que deixaste eu roubar de ti, só para pedir o devolveste.  Wellingtton Jorge

Hipoteticamente

Gostaria muito de ter a idade da sabedoria, só para dizer que no meu tempo de mocidade era diferente. Hoje a alegria e espontaneidade dos jovens me chamou atenção. Recordei de muitos momentos compartilhados com amigos e, das invenções que tínhamos só para jogar videogame depois das aulas. Nessa terça-feira de brisa suave e maravilhosa, estava eu em São Bernardo do Campo, e vi um quarteto fantástico rindo e falando coisas de jovens. Fui curioso e deixei meu ouvido atento para captar cada palavra desses jovens cheios de vida naquele ponto de ônibus. Quando tive ciência, estava rindo com eles (igual o faço nesse exato momento que escrevo). Não os conheço, mas gostaria de ter passado a tarde ouvindo aquela conversa insana, imatura e cheia de vida. Nossa maturidade retira das palavras a energia de vida, pensamos para falar e esquecemos de sentir o que falamos. Olha se tem cabimento, quando um deles contou uma história “hipotética” (uso as palavras dele nesse relato). “Hipoteticame

Ilda Baio

A rua é para os encontros, quem disse que era para os carros? Vou pela rua de cima, pois desejo ver a vozinha. Vou na esperança e atento. Na rua vejo muitos dos conhecidos. Risos e apertos de mãos, Virando a esquina, vejo-a no portão. Vejo minha avó por adoção, sei que sou adotado, mas sempre recebo seu abraço. Cheiro de vó ela tem, cabelo e pele também. E não é só isso! As histórias sempre vem. Vem e leva-me, e eu vou. Viajo sem dar um passo. Sinto tudo daquele tempo, Sonho quando estou ao seu lado. Agradeço ao Bom Deus por ser um neto abençoado. Sou grato por ter Ilda Baio, em meu coração estampado. Feliz com a vida, Que sempre planta flores como a Dona Ilda perfumada e sagrada. Quero um dia ser rua de encontro. Ser o motivo de esperança e alegria. Fazer das minhas memórias, contos e reencontros, de novos e anciões, compartilhar sempre para permanecer vivo. Wellingtton Jorge

Sou parte

Sou uma parte que a cada ano Encontra outra parte Algumas dessas partes ficam lá no passado Outras perpetuam o tempo Muitas são momentos fugazes  Tem aquelas que só existem no pensar Há partes que se revelam no olhar do outro sobre mim Sou em cada parte incompleto Imperfeito Querendo a oportunidade de ser inteiro Completo Perfeito  Sabido de mim, descobridor do que sou Quero a vida inteira Quero a vida cheia Tenho sede de fazer [sou um fazedor por natureza] Só não tenho pressa de viver Quero tudo no tempo tranquilo Para degustar Simplesmente saborear Wellingtton Jorge

Homem também quer chorar

Homem também quer chorar e o mais difícil não ter essa vontade, mas poder realmente expressa-la no tempo, maneira e condições que ele precisa. Quantas vezes o homem é repouso para a sua companheira, perguntando como foi o dia, o que se passa em suas dores, medos e anseios? E depois de longas horas desabafando ela se sente leve e percebe que tem um parceiro, mas nesse dia ele também gostaria de falar um pouco e repousar a cabeça em um colo para chorar. Porém em muitos casos o que ele encontra é a insignificância dos seus sentimentos na visão do outro. Quantas vezes o homem empreendedor, gestor ou líder possui dias terríveis, e quando chegam em casa só precisariam ouvir de forma orgânica e totalmente natural algumas palavras de apoio, carinho e receber gestos de amor.   Mas é justamente a incapacidade da sociedade de olhar para os homens e perceber que todos nós também queremos chorar, que temos medos, não sabemos todas as respostas e somos inseguros com alguns assuntos, nos fazem ter

Resposta para Música Mais Triste do Ano

Tudo se vai e tudo passa Passa porque o tempo faz isso E para o tempo que foi, trago as lembranças Para o tempo que estou, faço nascer outras tantas Para o tempo que chegará, peço que venha comigo Talvez nos falte vinho E sobre um rosto nu sem maquiagem Talvez nos falte o sorriso, dando lugar ao choro Quem sabe no silêncio dos lábios Os olhos gritarão bem alto? Não prometo o futuro para você  Futuro é tempo que se imagina na cabeça Posso sim, prometer o presente Juntos fincar memórias Plantar raízes D'alma Pois tudo se vai e passa Escolheremos ir com o tempo Ou apenas esperar que ele passe? Wellingtton Jorge

Céu de Bronze

Tenho mudado numa velocidade que não consigo me reconhecer. Não digo na aparência, embora essa também sofre a metamorfose do tempo. Isso não me assusta! é de se esperar que o tempo como o vento leve as folhas secas que outrora eram juventude que a vida me deu. Não quero aqui prender-me no que tange o poderio do tempo, mas se me cabe a capacidade, em crônica falarei sobre a mudança que poucos veem.  E esse texto só nascerá por recentemente ter lido o famoso livro "Bagagem" de Adélia Prado e, iniciar minha escavação nerdiana sobre a vida da autora.  Como de costume se uma obra me chama atenção, jogo-me do penhasco da curiosidade e deixo minha alma e o intelecto devorar tudo que posso, no tempo que posso, com a capacidade que tenho (algumas vezes sinto que ambos possuem um metabolismo acelerado, a fome sempre chega). Com isso me deparei com a Adélia narrando sua fase de escuridão espiritual, do assombro que é existir.  Deixo claro que já conhecia a poesia e admirava, mas assim c

Mundo, alma num corpo Imoral

Tantas nevoas brincam com a alma Tão inocente criança que foi jogada num corpo Procura estado, prender-se em átomo Ama a matéria e por vingança a domina Corpo sagaz que só, leva a fama de pecador Tão inocente criança que foi jogado num mundo Procura significado, sentido de ser Ama a inércia e por vingança agora descansa Mundo sagaz que só, criou nevoas Fez da alma inocente [ela que pecou no Éden] Do corpo réu [este expulso do Éden] Misturou a bebida entre o correto e o bom Trocou as taças de lugares Lá do fruto do conhecimento as nevoas findaram Sua existência. Wellingtton Jorge Para Nilton Bonder 

Bagunça

Das bagunças que carrego dentro de mim Sempre há um pouco de tudo Como um baú velho no quartinho dos fundo Na casa da avó Tem memórias, momentos e tormentos A poeira encobre, mas não desfaz a existência Do que lá dentro tem O cheiro de mofo misturado com naftalina Arquitetura gótica das teias de aranha Segurando a madeira velha Oca como os corações de alguns Mas é casa dos cupins Das bagunças que carrego dentro de mim Sempre há um pouco de tudo Euforia do primeiro beijo A primeira vitória do time da escola O primeiro emprego, o primeiro cliente O primeiro sexo e a primeira noite de amor A primeira vez que os olhos viram o Corinthians no estádio E a gratidão pela salvação Das bagunças que carrego dentro de mim Sempre haverá um pouco de tudo Incompreensão, gratidão e aprendizado. Wellingtton Jorge

Os lugares pra onde vão?

Sei que há uma beleza no horizonte Tudo que não posso ter  Se veste com a beleza do querer Uma montanha pintada de branco neve A curva do rio, a nau a flutuar O que não tenho, beleza há! Horizonte também é pra se olhar Ver o que lá no futuro o que se tem Acreditar que a passos longos ou curtos Todos os dias se dão até um horizonte fincar. Todos os lugares, todos ares  Depois do horizonte Pra onde vão? Será que o futuro se torna presente? Por que mais de um horizonte me prende? Olho pra frente engulo a seco O que há de ser, o que virá Tão simples assim de ver Difícil de aceitar, Como um retrato, tudo Desejo hoje no meu prato. Wellingtton Jorge

Folhas novas, canetas novas

Quantas vezes ouvimos que devemos recomeçar? É de se pensar nas inúmeras situações que nos falta fôlego e por algum motivo encontramos força para não desistir. Não quero falar aqui da capacidade que possuímos de seguir, mas se possível encontrar o espaço tempo entre o recomeçar e finalizar.  A vida é muito parecida com uma folha em branco (é o que dizem por ai). Acredito que seja sim, porém ninguém diz que uma folha riscada é uma folha ocupada. Cada letra nessa folha é a construção de vários acontecimentos. Não temos a possibilidade de deletar palavras uma vez que foram transferidas para o papel. E entre o espaço tempo de recomeçar,  dizem que devemos colocar um ponto final e virar a página. Percebo que quando escrevemos palavras com demasiada força no punho as letras marcam a próxima folha.  Agora pergunto, como escrever novas histórias se a vida já está marcada? Como seguir em linhas brancas se há traços a olho nu invisível, mas com um pouquinho de pó de grafite, como os períodos neg

Meu paraíso

Não tenho encontrado o paraíso na escrita Os versos fogem dos meus pensamentos Talvez seja isso o inferno  [Minha divina comédia] Não saber o que escrever Se penso, saio dele  Caminho no purgatório Se escrevo, ganho a esperança de encontrar minha Beatriz Wellingtton Jorge

Meu espelho quebrado, poema de um luto

Quanto tempo dura um luto?  Para quantas medidas de tempo se faz uma despedida? Quanto de mim se vai com aquele que foi e quanto dele fica para os que estão ainda no caminho de ir? Outro tempo começou para mim agora Do espelho que refletia seu rosto Hoje quebrado em 3 partes reflete o meu A vida quis assim Tirana que és Levou tudo do que eu chamava de vó Deixou só o neto Embora não sendo mais o neto no físico É na memória que posso voltar essa condição Não escrevo uma novela sobre o luto [Noemi Jaffe sim] Sei que passou alguns anos desde o dia que eu disse adeus sem ter a certeza que ela me ouviu Mas compreendi que é no espelho quebrado  que posso olhar ... e olhando vejo que, aquilo que nos unia se quebrou em três partes [você, morte e eu] Me recuso a consertar o espelho Pois a vida se recusa em consertar a morte Assim quebrado todos nós vivemos de alguma forma. Wellingtton Jorge Após alguns anos da morte da minha avó pude compreender o luto. Não compreendi o luto sozinho, compreendi

Carro veloz (fast car)

Queremos a velocidade ao invés de uma brisa leve sobre o rosto. Com as janelas abertas avançamos os quilômetros num frenesi, numa loucura e ansiedade para chegar. Queremos o final, mostrar o que somos, levantar um troféu de melhor, o troféu do campeão. Quantas vezes me pego a correr, a dizer a mim mesmo "vamos logo, você precisa avançar, outros já chegaram...", quantas vezes não permito o choro brincar de escorregador em meu rosto, pois não há tempo para sentimentos.   Perdemos a capacidade de olhar para a estrada e aproveitar o canteiro, fazer um piquenique no acostamento, sabe porque? precisamos chegar, precisamos mostrar que já estamos por lá.  Gostaria de entender quem inventou a chegada, gostaria de voltar nesse dia e desfazer essa tal "chegada". Passei algum tempo da minha vida nessa procura por chegar, passei algum tempo na minha vida desejando passar rapidamente pela estrada, até descobrir que nada importa, nada pode sucumbir o trajeto.  Queremos avançar o t

Poeta é Deus

Todos poetas no fundo queriam ser Deus Ter o poder nas palavras com elas criar, trazer a existência e ver que foi bom Conter em si o poder do atemporal Brincar de jardineiro e criar seus seres viventes Em palavras poder separar os mares e sustentar um mundo inteiro em suas mãos Todos os poetas sabem que escrever é ser arriscar Ter na palma da mão a criação Escrever a história, compor o ritmo da narrativa Ser glorificado no que criou Ser glorificado com o que criou Ser glorificado por ser um criador Wellingtton Jorge

Rubens Alves, minhas crônicas por suas crônicas

Anos atrás por acaso ou predestinação (nesse contexto, lembro-me de Santo Agostinho), conheci o Rubens Alves, não literalmente em carne e osso, mas o conheci.  Conheci sua vida, seus filhos, amigos e seu pensar. E quando isso aconteceu, conheci um pouco mais de mim.  Essa predestinação do conhecer-te, só foi possível, quando minha irmã encontrou um livro de crônicas no banco do metrô de São Paulo. Trazendo-o a mim, me  presenteou, assumo que de início não falei com Alves (hoje ele é um amigo e de alguma forma me ajudou até aqui, por isso tomo a liberdade de chama-lo de Alves). Estava naquele período conversando muito com Nietzsche, Drummond e Guimarães, além de ouvir os sábios ensinamentos de Chiavenato para as organizações.  Belo dia, ouvi sua voz a me chamar, sentei em minha sala para encontrar essa voz entre os livros. Espalhei todos no chão e fui procurar aquele que desejava falar comigo. Quando ali vi a bendita coleção de crônicas do Alves. Ainda no chão com minha xícara

Duas vinte e quatro horas

Desde ontem tenho procurado  Escrever sobre meu dia de ontem Se passaram duas vinte e quatro horas Quando começo o próprio tempo apaga. Escrevi um soneto Falei do metrô de Itaquera Das lindas mãos da mulher loira De suas unhas vermelhas Seu olhar penetrante Me arrisquei a colocar um ponto final no quarto parágrafo O aplicativo não salvou  Poeta digital sofre assim, a falta de internet é o mesmo que não ter papel e caneta. Depois de mais uma vinte e quatro horas Escrevo tudo isso, em poucas palavras Como registro de uma irritabilidade com o destino por me levar cada escrito. Wellingtton Jorge

Loucura

Para ser louco precisa ser muito insensato! Loucura é o último grau da liberdade, Lá, nada importa nada impede de ser o que quiser ser, como quiser onde quiser com quem quiser Ser Pra ser, precisa querer no íntimo, acreditar que pode Quando se é,  Tudo ao seu redor muda louco não sofre de preocupação com o que os outros vão dizer. Wellingtton Jorge

Brasil

Existe um Brasil que eu moro Outro que eu olho E outro que eu participo No primeiro a pátria é amada Somos filhos deste solo O segundo é o real e perfeito Os idosos fazem Yoga em praça pública Os ricos são tão felizes  Este é o Brasil que belo, forte, impávido colosso, E no teu futuro espelha uma grandeza O Brasil que eu participo (teu seio), nos falta a liberdade, Desafiamos o seu peito a própria morte! Nosso sangue se torna petróleo Nossa força sustenta a pirâmide Os sonhos nos foram vendidos e mesmo em promoção não podemos comprar Entre outras mil És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo És mãe gentil, Pátria amada, Brasil!  

Dor de cabeça

Tenho uma dor de cabeça aqui Tenho uma para cada coisa que você possa imaginar Muitas foram presentes que nunca desejei Outras eram pequenos bichinhos, fui brincar e agora já era! Tenho uma dor de cabeça aqui Igual a sua que está ai São iguais, parecidas, mas são distintas em si As minhas me perseguem, as suas te abraçam. Tenho uma dor de cabeça aqui Impregnada na testa Acompanhadas das dores do pensar Tenho uma dor de cabeça aqui Me matando aos poucos e morrendo de rir. Wellingtton Jorge

A vida é como dirigir a noite

É preciso muita coragem para continuar na estrada da vida, quando se chega a noite. Enfrentar o medo do incerto que logo a frente está. É preciso um toque de humildade para prosseguir e aceitar que a cada passo a estrada se revela e mesmo sabendo o destino, o caminho pode ser diferente do planejado ou até mesmo conter mais empecilhos do que o esperado. Talvez seja necessário reduzir um pouco a velocidade pois tem neblina logo a frente. Talvez o seu corpo peça uma pausa para o descanso, recalibrar as energias e se abastecer. Confortável é dirigir durante o dia, ver a paisagem e enxergar mais de 100 metros a sua frente. Bom mesmo é pegar a estrada livre, sem buracos e pedágios. Mas nem sempre é assim, se você almeja ir longe nessa vida e deseja trafegar durante o dia em algum momento você precisará encarar a noite, a neblina, a escuridão e a solidão da estrada noturna. Devemos lembrar que para dirigir a vida é importante atenção, não se distrair, pois num piscar de olhos um acidente acon

Maria

Há de ser a eterna voz Há de ser a mulher que sempre me fez sorrir Há de ser o feminino que me encanta Há de ser o que sempre sonhei mesmo sem saber o que deveria sonhar Há de ser os braços que repousei nas noites escuras que chorei Há de ser tudo que tenho do homem que sou do másculo que me criou Há de ser eterna Maria minha santa amada de mãos milagrosamente simples a me sustentar Há de ser a mulher que primeiro amei que amarei que amo e nunca esquecerei. Wellingtton Jorge *Poema inspirado exclusivamente na principal mulher da minha vida.

Cintia

É possível que mais de uma vida tenho vivido Algumas são reveladas ao público Outras são apenas ensaiadas Nelas me permito errar,  Faço e refaço Crio o mundo perfeito, sem medo do errar E quando erro, penso [estou no ensaio] Choro por nada, me alegro por tudo Desnudo meu ser das características que me desejam Aqui, nessa vida de ensaio, sou forte, sei que posso! Embora eu ame essa vida, é a outra que chamamos de espetáculo O que me dói é saber que lá tenho os críticos, Isso me deixa nervosa, Esqueço as falas, troco as cenas Sinto todos me olhando É tremedeira, calafrios Mãos soadas No dia seguinte vejo a manchete Eles novamente me deram as piores notas. Wellingtton Jorge

Exato momento

Na direção do sagrado Duas artes se encontram O sacro no altar e a deusa a caminhar Como poeta minha incumbência é apenas registrar A natural beleza do feminino Logo alí a frente estás. O que tenho é o momento Tenho o que escrevo, o que vejo O exato tempo que a vida se revela Como sutil e bela Calma aqui dentro, agitada lá fora São obras a serem admiradas Aquela que caminha e, aquelas nas paredes sagradas. Como fazer jus ao meu objetivo? O que devo falar Como eternizar Quais palavras usar? Difícil é ser poeta  Quando essas duas obras temos para admirar. Wellingtton Jorge

Tatiana

Para que reclamar do que não tem? Se tem mais outros muitos Abre os olhos do coração Olha na rua a vida dos pássaros matinais Glorificam a Deus com seus cantos Traga o mundo mais perto Toque os céus  Onde você quer chegar? Olhe pra rua Onde você quer estar? Olha pra rua Vamos brincar Na rua? Deixe as distrações virtuais Também amo apartamento Mas prefiro andar, pés descalço é meu sapato. Na rua? É vida que se tem, lá fora todos vêem A chuva real desaguar no corpo Meu e seu também Na rua, a vida é assim meu bem. Na rua? de quem? Não de quem, mas com quem? É assim que lá fora se vive a vida que tem. Wellingtton Jorge

Nayara

O que me define? Qual a receita para ser o que sou? O que aceito foi o que outrora quis aceitar? O que dizem faz jus ao que eu quis dizer? Das marcas que tenho no corpo Levo algumas histórias Das marcas que tenho na alma Levo todas. Não posso ser apenas uma coisa [não quero!] Ter a definição me faz ter um limite E limite é o que todos querem colocar em nós! Eu sou mais Não em quantidade Nem só de qualidade Eu sou muito mais do que os olhos podem ver Sou um ser,  Um universo, O que levo é atemporal Eu sou morada O meu próprio lar! Wellingtton Jorge

Fernanda

Alma leve da pequena girassol Noite enluarada com a loucura de Van Goh Poucas são as mulheres que enxergam como tu Teus olhos vão além do óbvio É poético, lírico, clássico... Sua fala poderia ser um enredo Shakespeariano A elegância que te compõe inspiraria Jane Austen facilmente  Se fosse um livro Seria um único exemplar Quem dera eu ser o leitor a te carregar Tê-la em minhas mãos em longas noites Junto ao meu peito teria Mas do que uma história Nasceria ali as minhas memórias. Wellingtton Jorge

Luna

Lua clara, linda estação Ver o que és faz da minha noite gloriosa Felicidade é perto  Quando na janela do meu quarto Brinco de tocar-te Brinco para disfarçar a seriedade do desejo Ter você Saber de você Não importa onde! Aqui vou na rosa dos ventos até encontrar o travesseiro da lua Minha tristeza é no amanhecer Quando ele sempre leva você de mim. Wellingtton Jorge

Diário

Quantas vidas tenho para escrever? Aqui fora sou limitado a ter apenas uma Mas com meus textos, sou infinito Conto o que sou Outrora conto o que penso Falo dos amores regados de lágrimas Dos sorrisos tímidos Descrevo os olhares apaixonados As partidas inesperadas As partidas que foram tarde Grito sem ninguém ouvir Cada linha esconde meus medos Faço o tempo ficar registrado Brinco de criador Até parece que não sou o escritor Sinto que sou apenas o leitor de mim mesmo Vejo-me diferente do que gostaria Nessa vida que escrevo tudo é leve,  até às tristezas que aparecem Mas quando coloco o ponto final Morro ali, esperando outro me venha ler Retornar a vida por meio das palavras Alguns levam pedaços de mim Tomam posse do que sou Nos tornamos um Um que lê, outro que se fez ler Com o passar dos anos Em muitos me criei Só não deixei de ser o que sou Diário, vida, poesia, poeta e criador... Wellingtton Jorge Nota do autor: Poema inspirado após passar um bom tempo numa madrugada sem sono visitand

Alana

Menina como és linda Sutil é o olhar Cativante o sorriso Secreto o que pensa Mas tão revelado como és! Menina volto a dizer Que linda és! Wellingtton Jorge

Zuliane

Oh insondável tempo De ti somos reféns Ganhamos sulcos no rosto E fadiga nas pernas Embora sejamos firme na alma O que nos sustenta e o que temos  contra ti são apenas as lembranças  nesse rosto angelical. Wellingtton Jorge

Fabiana

Poderia em um dia o Deus da vida Fazer de nossa existência, uma única? Como lhe encontrar novamente, se estamos apenas a uma estação do desencontro? A saída é a mesma os destinos são diferentes Sigo pra um lado com outras possibilidades Sabendo que você terá outras também! O que ganhamos no desencontro, a não ser o papel em branco de um novo enredo? Deixemos de sentir o abraço Deixamos de ter o afago Deixamos de respirar os perfumes Talvez sejamos apenas dois rios em direção opostas Cada um fluindo como o destino quis. Wellingtton Jorge